PATROCINADORES
apresentador
apoio
colaborador
PATRONOS
Diamante
Eduardo Martins de Mello
Marcio Kogan
Nilton Mendes Rodrigues
Ouro
TRAIL infraestrutura
Azul
Christina de Castro Mello
Decio Tozzi
Casa Vilanova Artigas Curitiba
Renata Semin
Sylvia Pinho de Almeida
Vera Lúcia Domschke
Amarelo
FGMF Arquitetos
Chicão Guerrero
José Maria de Macedo Filho
Leo Edward Slezynger
fecarotta & millan arquitetos asociados
Cristiana Gonçalves Pereira Rodrigues
Verde
Eduardo Werneck Vieira Marques
Anna Candida – Professora da FADUSP e da UNIFIEO
Gabriel Bello Barros
Arquitetur Arquitetura Urbanismo e Paisagismo S/C LTDA
Poeta das retas e das curvas
Quando o projeto do Sindicato dos Arquitetos do Estado de São Paulo chegou à mesa da comissão julgadora da Chamada Pública de Patrocínio no Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado de São Paulo (CAU-SP), em julho de 2014, rapidamente foi possível perceber que se estava diante de uma proposta ousada e essencial à história da profissão e do País nas últimas décadas. De fato, fazer um site sobre a vida, a obra e a influência de Vilanova Artigas, um dos mais importantes nomes da arquitetura brasileira em todos os tempos, seria um desafio e tanto. Pela qualidade e pela inovação técnica de seu trabalho, mas também por conta do impacto que causou e continua causando nas novas gerações de arquitetos e urbanistas, que descobriram a importância de transformar a sociedade com seu trabalho.
Professor articulado, líder eloquente, militante de esquerda e profissional engajado, João Batista Vilanova Artigas nasceu em Curitiba, no Paraná, mas se tornou um dos principais expoentes da arquitetura paulista dos anos 1960 e 1970, ao lado de profissionais como Lina Bo Bardi, Rino Levi e Oswaldo Bratke. São de sua autoria obras como o prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Universidade de São Paulo (FAU-USP), projetado com Carlos Cascaldi, a antiga Estação Rodoviária e atual Museu de Arte de Londrina (PR), e o Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, entre quase 700 projetos, que o tornaram o arquiteto brasileiro mais premiado pela União Internacional dos Arquitetos, no século XX.
Mas ele não se limitou às obras. Projetou também ideais. Desenhou e igualmente escreveu, registrando no papel suas posições como cidadão e intelectual. Foi o principal elaborador da arquitetura progressista, com forte viés nacionalista e desenvolvimentista. E levou esse pensamento para a FAU, da qual foi um dos fundadores, reformando o currículo a partir da clareza e da força ideológica dos conceitos de projeto e desenho. Fugindo das teorias arquitetônicas tradicionais, trouxe o debate para uma dimensão ética, política e social, correlacionando teses com realizações concretas. “Estética com ética e ética com estética”, mais do que um jogo de palavras, era a declaração de que o projeto é um desígnio, intento, demonstra a soberania; e o desenho – não a representação, mas no contexto do inglês design – deve refletir essa vocação transformadora.
Alguns desses princípios e ideais foram decisivos para que o Conselho de Arquitetura e Urbanismo se tornasse uma realidade. Criado no fim de 2010, após mais de 50 anos de luta, pela Lei número 12.378, o CAU permitiu que profissionais antes restritos em um conselho multiprofissional e que contava com mais de 300 modalidades de engenharia e outras profissões, além da arquitetura, finalmente, tivessem seus anseios e causas melhor atendidos na própria casa. A partir daí veio a criação do SICCAU (Sistema de Comunicação e Informação do CAU), permitindo estruturar o atendimento online a mais de 50 mil profissionais só em São Paulo, a aprovação do Código de Ética e Disciplina, a realização da 1ª Conferência Estadual de Arquitetos e Urbanistas e a montagem de dez sedes regionais por todo o interior paulista.
Um começo cheio de dificuldades, mas extremamente gratificante. E para o qual a vida de Artigas serviu de exemplo e inspiração. É notória sua posição contra a ditadura militar, que levou até a seu afastamento da FAU. Quando voltou a lecionar na instituição, em 1979, beneficiado pela Lei da Anistia, passou a dar aulas de Estudos de Problemas Brasileiros, disciplina criada pelo regime como instrumento de controle ideológico. Durante o curso, não apenas subverteu o programa clássico, como levou à faculdade diversos artistas, políticos e intelectuais de esquerda, como o pintor Aldemir Martins, o ator Juca de Oliveira e o então cardeal-arcebispo de São Paulo D. Paulo Evaristo Arns. Patrocinar este projeto, que agora é uma realidade, mais do que recordar essas histórias é um lembrete e um desafio para buscar a mesma ousadia. E, por que não, um pouco de poesia. Afinal, como dizia, o velho mestre: “O que os poetas dizem com palavras, a gente exprime com milhares de tijolos”.
CAU/SP - Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo